Tentei, mas não consegui...
Não percebia porque eras comedido... nem entendia o que era seres comedido. Quase preferia quando estava na ignorância e te apreciava à distância de um vidro de montra. Ali tão perto e apetecível, do outro lado. E ouvia-te, sentia-te, num querer mais controlável, de uma só via. Era eu que olhava para a montra e eras tu do outro lado...
E de repente, olho em volta e sinto-me num aquário, observada. E o vidro que te separa é também o que me prende...
Era mais fácil quando era só eu a admirar-te, a querer-te no silêncio, conformada com o preço demasiado alto, fora das minhas posses.. estavas longe, mas estavas perto. E estar perto era fácil, era olhar a montra e sonhar-te junto.
Agora sinto-te mais próximo e mais distante. Passou a ser nos dois sentidos - abriu-se a caixa de Pandora e fica complicado fechá-la, guardar tudo lá dentro, selar com um beijo que não tive mas que o sinto nos lábios, quando te sinto por perto, a respirar junto, sincronizado, profundo... arrepia o pescoço... porque tu és assim. Presente mesmo na ausência... e comedido na presença. E levo-te comigo para todo o lado, junto do beijo prometido e dado, sentido de olhos fechados num mundo que não este... contando o tempo e o seu impasse, na esperança de sempre te poder ver mais uma vez.
Mas prefiro assim. Prefiro pensar que o vidro também quebra... preciso pensar que o vidro também quebra. E esperar, feliz com a perda de inocência e ganho de um beijo... teu.
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