segunda-feira, 12 de julho de 2010

A infância

Lembro-me de ser pequena. Até me lembro de quando era ainda mais pequena do que isso. Tenho uma memória fora do normal para o passado distante. Embora seja difícil lembrar o que comi na semana passada... E às vezes também me esqueço do que tenho de fazer no dia corrente, mas enfim. A minha memória é selectiva.
Continuando, lembro-me de quando era pequena, mas já grande o suficiente para trepar às cerejeiras. Também me lembro de subir às figueiras, mas dessas desisti rápido. Subir é fácil, roubar os figos é fácil. Não sabia eu na altura que, depois de arrancar o figo, a p#$a da árvore "cuspia" uma seiva, ou nhanhã ou lá o que era, que dá uma comichão danada. Lição aprendida muito rapidamente.
Subir às pereiras também era giro, principalmente quando cada irmão escolhia uma árvore, que seria a sua nave espacial das próximas horas. Éramos 4. Durava o tempo que durassem as pêras, ainda pequenas... Sim, eram os tiros laser! Um dia descobriram-nos e acabou a brincadeira. As macieiras não eram tão giras, pois as maças magoavam mais que as pêras. Só aconselho as pereiras.
Vai daí, as cerejeiras é que era. Isso sim aconselho. Era subir de manhã e descer à noite. Pequeno-almoço, almoço, lanche e jantar: cerejas! Dia sim dia não. O dia "não" era passado no quarto de banho. Na altura não percebia porquê... Campeonatos de "quantos caroços consegues manter na boca enquanto comes cerejas" era obrigatório. Ganhei umas quantas vezes, sem contar com os que já tinha engolido! Era craque! E feliz...!
Guardo mais memórias de férias grandes inteiramente passadas nas aldeias (era a aldeia materna e a paterna). Memórias e marcas: até uma dentada de coelho ficou marcada no braço em lembrança de não tentar separar coelhos que estão à pancada - essa boa acção saiu-me cara. Também aprendi a não fazer amizades com galinhas, que desapareciam misteriosamente...
Enfim, uma infância bem cheia. Feliz. Com experiências que não se têm na cidade.
O que me custa é que as aldeias ainda estão lá. E o Mr. X podia ter tudo isto. Se não passasse tanto tempo longe e de um lado para o outro. Fico triste por não poder dar parte da minha infância ao meu filho.
É que não me custa quando a vida é me injusta. Custa-me é quando é injusta com ele.

5 comentários:

Nowe disse...

Querida Crente;

:))

Beijinho e faz favor de ter uma óptima semana, com paz e muitos sorrisos. Pode ser? :)

Paula noguerra disse...

O importante é dares o TEU melhor... acredita que o teu menino vai valorizar...
E a acredita quando digo que a vida não é injusta... são liçoes diferentes que todos temos de passar. Ninguém é igual a ninguém!

Beijocas doces***

Unknown disse...

Estás a dar o melhor que podes ao teu filho. A infância dele vai de certeza ser muito feliz:) bj!

Doce Cozinha disse...

Por ter sido uma felicidade para nós, não quer dizer que seja para os outros!
Ele vai encontrar boas razões para sorrir e coisas boas para recordar... no seu mundo!

Crenteoptimista disse...

Obrigada a todas :) Isto de aturar-me quando ando mais deprimida é um aborrecimento pegado...
Bjs
Crente